CiClOvIdAcOrDeLaGuA
O que é o projeto rebrotando olhos d’água ?
Categories: Geral

 

O que?

Rebrotando Olhos D´água é um projeto socioambiental de criação de um sistema subterrâneo de reservatórios de água interligados, e tem a finalidade de reter, água no solo visando sua recuperação gradativa. Este projeto piloto será realizado no Assentamento Barra do Leme, em Pentecostes – CE

A tecnologia utilizada para isso será a do chamado Artiquífero, ou Sistema Cisterrâneo, nome dado pelo agricultor experimentador , poeta e cordelista sertanejo, Manoel Inácio do Nascimento, seu criador.

O Artiquífero é formado por 15 cacimbas de água preenchidas de areia e matéria orgânica, com comunicação (interligadas) entre si por meio de vasos comunicantes que respeitem (a partir) (d)as curvas de nível e (d)o fluxo das águas no terreno delimitado.

Nestas cacimbas (cisternas aterradas), seriam (serão) produzidas árvores frutíferas e culturas para alimentação de ciclo mais curto. Em suas bordas, árvores nativas de maior porte. As raízes dessas árvores vão se entrelaçar e penetrar no solo argiloso recuperando sua fertilidade gradativamente.

A ideia é recriar zonas de infiltração e acúmulo de águas subterrâneos, e canais de comunicação entre elas, simulando os aquíferos naturais que geravam os olhos d’água antes do solo estar tão maltratado e compactado por séculos de desmatamento, monocultura e pasto. Esperamos assim, dar condições para o reflorestamento e a retomada das árvores como protagonistas nesse processo, até o rebrotamento dos olhos d’água. Com água no solo a agricultura é possível mesmo com pouca chuva, mas com solo compactado e impermeabilizado, mesmo com abundância de chuva no período úmido, as plantas não resistem aos períodos de estiagem.

Como?

Serão cavadas 15 cisternas subterrâneas preenchidas com material poroso: pedras, tijolos, madeira e areia; por cima, uma camada de terra onde serão plantadas árvores nativas, frutíferas e culturas de ciclo curto, como. Cada cisterna terá aproximadamente 4 metros de diâmetro e 3 metros de profundidade, equivalente a uma cisterna com capacidade para X* litros d’água, nesse caso como estará preenchida com pedras e areia, sua capacidade será de aproximadamente X* litros.

Estas cisternas estarão distribuídas com espaço de aproximadamente 10 metros entre elas e interconectadas por canais a 1 metro de profundidade, também preenchidos com areia. Tanto as cisternas quanto os canais não serão revestidos, primeiro porque esse subsolo já tem a característica de ser impermeável e segundo porque a intenção é mesmo que a água penetre o subsolo, então se escoar um pouco, ainda melhor.

Assim, no período chuvoso, de fevereiro a maio, a água penetrará nesses buracos de areia e pedra e estarão protegidas da evaporação, disponíveis para o desenvolvimento das árvores  que terão oportunidade de crescerem fortes e vigorosas em um solo mais penetrável e com disponibilidade de água, até que suas raízes cheguem a tocar o solo duro do fundo. Quando isto acontecer, serão raízes grossas de árvores grandes, com força para romper o subsolo, gerando assim novos canais e novas interconexões de águas subterrâneas.

Quem e Por que?

Esse projeto surge das resistências de um grupo de agricultores e agricultoras do Assentamento Barra do Leme, Pentecostes-CE, organizados em torno do Ciclovida, uma rede sociocultural ambientalista de resgate de sementes crioulas, que utiliza a bicicleta como meio de transporte ecológico para suas atividades.

Ao longo de muitas gerações de convivência com o bioma da caatinga e seus habitantes, as comunidades sertanejas construíram conhecimentos fundamentais para a própria sobrevivência. Nas ultimas décadas, algumas organizações tem se empenhado em sistematizar, ao menos uma parte desse rico universo da sabedoria popular camponesa do sertão. Com este esforço, foi possível desenvolver algumas tecnologias de captação e armazenamento de água, que por seu baixo custo e simplicidade, tornaram-se bastante difundidas, algumas inclusive por meio de políticas públicas orientadas no sentido de uma convivência equilibrada e adaptada ao semiárido brasileiro.

No presente projeto, partimos desse acúmulo, somado às reflexões coletivas do Ciclovida, do aprendizado acumulado na convivência com o bioma caatinga e seus habitantes, para desenvolver uma nova possibilidade de autonomia em meio ao cenário desolador dos últimos quatro anos de seca que enfrentaram boa parte dos sertões nordestinos: uma tecnologia que permita aumentar as condições de umidade e fertilidade do solo, através da recuperação de seus olhos d’água.

A tecnologia está sendo desenvolvida para aplicação em áreas de solo compactado e seco, e com subsolo cristalino, onde existe “cristal”, geralmente formado por granito, gnaisse, rochas com mica e semelhantes. Tais características de subsolo são importantes devido à sua impermeabilidade logo na profundidade da camada chamada “piçarra”. A Piçarra é o produto da transformação da rocha mãe em solo. Possui uma consistência quebradiça, é úmida e impermeável, o que permite sua utilização como reservatório parcial de água, com boa capacidade de armazenamento.

O projeto apresenta-se como piloto para uma tecnologia adaptável à maior parte das áreas que compõem o Semiárido Brasileiro, já que as características de solo e subsolo apresentadas como fundamentais para sua aplicabilidade estão presentes em 80% da extensão das áreas pertencentes a este domínio morfoclimático.

Trata-se de uma etapa fundamental de um processo cujo norte é a implementação de um sistema de reflorestamento chamado SAF – Sistema Agroflorestal, que integra a recuperação da mata nativa com a produção de alimentos, introduzindo árvores frutíferas da região consorciadas com culturas de ciclo curto, como feijão, milho e jerimum, e alterando gradativamente sua composição pela logica da sucessão vegetal (colocar algum vídeo como referência).

Acredita-se portanto, que esta tecnologia que chamamos de Artiquífero ou Sistema Cisterrâneo, é uma ferramenta importante para a construção de uma convivência com o Semiárido de forma digna, sadia e equilibrada, baseada na utilização dos recursos de forma consciente e planejada em contraposição aos métodos tradicionais de combate à seca, que se mostraram insuficientes diante da problemática que envolve a questão.

A ideia é concretizar um projeto piloto que será compartilhado com outras comunidades e assentamentos no semiárido por meio de caravanas de intercâmbio realizadas de bicicleta.

veja experiência realizadas em escala pequena:

Comments are closed.